terça-feira, 13 de abril de 2010

ENLOUQUEÇO MAIS UMA VEZ


Percebo de súbito que meu relógio de pulso
foi fabricado por Dalí;
E esses ponteiros derretidos e inexatos acabam com minha noção
de quanta eternidade já se passou
desde a primeira vez que enlouqueci...

Caminho descalço num tapete de flores que esconde cacos de vidros.
Meus calcanhares gritam de dor: Dói Dói Dói,
mas eu preciso chegar ao altar onde você me espera;
Linda.

Algumas poucas horas infinitas,
Chego pálido, semi-morto, desgastado, apático, seguro.
E triste, muito triste, meu bem.
Gasto meu último fôlego
acusando, ofendendo, berrando,
e descarrego uma metralhadora contra você,
contra toda a sua culpa,
contra tudo o que eu queria que fosse e que não é...

Linda, sua imagem se desfaz.
Patético como sempre, sorrio.
Partículas de raiva perdem a energia
e voltam para o universo tão calmas quanto eu.

Algo me diz que não precisava ser tão realista.

De qualquer forma,os choques cessaram
e posso dormir um pouco.

quinta-feira, 18 de março de 2010

COM TODO O CARINHO DO MUNDO...


...a você que finge, que mente, que me deixa puto, que me faz odiar ao extremo e pensar meu deus como ela pode fazer isso? É aí que minha raiva escorre numa velocidade alucinante por todas as ruas de dentro de mim e eu entro num túnel de eletrochoques descarregados no meu cérebro e eu sinto uma dor e uma vontade frenética de escrever essa porra e de que você se foda e de que tudo dê errado na sua vida tudo tudo tudo entendeu? Mas eu não consigo eu nunca consigo e eu me apaixono de novo e me odeio e te odeio, meu bem, e esqueço mas lembro daqui a pouco eu sempre lembro, eu sei, e te odeio mais uma vez e dessa vez é pra sempre, eu tenho certeza;
ou não.

terça-feira, 2 de março de 2010

E VOCÊ SEMPRE VOLTA...

É que nas minhas tardes
de frustradas tentativas
de masturbação solitária
você sempre me aparece;
com asas enormes de anjo,
lingerie vermelho-sangue,
pele cor de fantasma,
cheiro de cemitério.

Sua boca fumando que nem uma cadela,
dizendo coisas sujas,
ofensas descartáveis,
acusações plausíveis;
Interrompendo minha ejaculação.

Não tem mais nada pra fazer?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

ANIMAIS

Depois de fugir e cavar túneis e escalar chaminés,
deixamos nosso cabelo crescer;
E a nossa pele, inevitavelmente engrossando por viver no frio.

Comer migalhas e acender fogueiras em madrugadas brancas de neve,
esquecidos ou talvez apenas ignorados pela vizinhança.

Doenças terminais que não nos afetam por escolha própria.

Nos tornamos bichos atrás de morfina e limite,
viciados em auto-exclusão.